A internet confunde os limites da vida dentro e fora da rede, è como um grande palco de teatro de espelhos, onde o tímido se torna extrovertido, o calmo se torna visceral, o rude se torna romântico. No mundo.com, pessoas criam identidades imaginarias e passam horas, dias e anos nessa vida paralela.
Em “Até o fim do Mundo”, de Wim Wenders, o ser humano fica viciado numa tecnologia que mostra, no vídeo, imagens de seus sonhos. Em “Matrix”, os irmãos Wachowski pintam um futuro no qual somos todos parte de uma realidade virtual. Em AI – Inteligência Artificial, de Steven Spielberg, uma mulher luta por David, o menino robô programado para amá-la. Tudo isso faz parte da nossa cultura narcisista, acelerada, solidária e imediatista. O problema clássico do narcisista envolve a solidão e o medo da intimidade. Segundo esse ponto de vista, criamos com o computador um, objeto muito poderoso, um objeto que nos da à ilusão de companhia sem exigências da intimidade, uma extensão do próprio ser. A vida em rede da uma nova dimensão ao poder do velho ursinho de pelúcia ou da fraldinha de estimação. Permite ao indivíduo ser solidário sem jamais estar sozinho. São dezenas de amigos, no seu Inbox, no seu Messenger ou no seu Facebook, Myspeace ou SecondLife… ufa …
Ciberespaço é um palco novo exótico, um instrumento de auto – reflexão, uma espécie de espelho para encenar conflitos pendentes, para exercitar dificuldades pessoais, para superar problemas graves, utilizando os recursos do ciber- socialização.
Permite ao individuo ser solidário sem jamais estar sozinho. A internet nos permite conhecer ninguém profundamente. Pois o Mundo.com está fazendo milhares de pessoas abandonarem suas vidas sociais reais, por horas on-line.
Desta forma, não permitindo a esses indivíduos encontrarem velhos amigos, familiares ou um grande amor. Ou seja, poderão não aprender o que significa falar com o outro ser humano três palavras mágicas “Eu te amo”.
Vem cá, me responde uma coisa! Transar virtualmente com uma desconhecida, do outro lado do mundo no Second Life? É infidelidade com sua namorada ou marido? Não sei responder e você?
Somente à loja da Sony em Nova York, vende mensalmente 200 cães robôs Aibo.
Uma senhora, que acabara de comprar um cão digital, declarou “É melhor que um cachorro de verdade (…), pois não faz nada perigoso e nunca é desleal, alem disso, não corre o risco de morrer de repente e me deixar triste”.
Para o homem, qual será o impacto de ter um cão robótico como companhia diária? Ou de crianças se apegarem a bichinhos digitais como Tamaguchi?
Na vida digital, a pessoa encena, sim, sua identidade, a encenação é séria. Nós usamos computadores, é inevitável. Isso significa que o poder do computador com seu dom de simulação e visualização muda nosso jeito de pensar, muda toda nossa cultura. O mundo digital é solidário, é conveniente; acessamos e enviamos mensagens de qualquer hora ou destinatário às lê quando bem entender;
Imagine: você ali, sozinho, frente do seu computador com seus pensamentos, todos imaginam que você pode estar num site de eventos planejando uma festa de família, ou um site de turismo. A vida pessoal e profissional caminhando juntas.
Quem nunca se deliciou com um e-mail indiscreto recebido por engano? Quem nunca alguém que não era para ser cantado, ou levou uma cantada de alguém que não era para cantar no mundo digital?
É gente que examina o que esta fazendo com seu virtual e questiona o que tais atos têm a dizer sobre os desejos, talvez insatisfeito, e sobre a necessidade de vínculos sociais, talvez inexistentes.
Há quem diga que a internet muda tudo, e há quem julga que pensar assim é algo totalmente ultrapassado. Certamente é um exagero, em ambos os casos. Devemos questionar não apenas o que o Mundo.com faz por nós, mas aquilo que faz conosco.
Certamente, para muitos a internet já mudou a forma como falar “Eu te amo”
Ps: Luana Aquino um beijo no coração, obrigado pelos insights “puff turtlee” 😉
Gil obrigada eu por trazer Luz ao ambiente de trabalho com seu carisma e simpatia!
Beijos e parabens pelo bolg !
É complicado! Às vezes eu penso que eu sou muito conservador… outras vezes eu penso que eu não estou vendo alguma coisa. Tive que acabar com o meu Orkut quando eu vi o número de “amigos” que eu tinha, mas também conheço um casal de meia idade que teve todo o início do relacionamento por internet e hoje moram juntos e são felizes…
Criei um blog. Estou tentando deixá-lo com uma cara agradável. Só falta pensar em como começar… O empreendedorismo é um tema que me encanta!
Um abraço!
gil, concordo contigo. muita gente troca mesmo o “ao vivo” com amigos para ficar em casa no computador. e conheço gente que sai pra balada e não fica com ninguém. daí chega em casa e vai pro bate-papo da internet pra tentar achar alguém. realmente não entendo.
a vida online é muito legal sim, me coloca perto de gente que tá longe, cujo fator espacial me impede de ver. mata minha saudade de amigos e família. mas é uma questão de confortar, não de substituir.
Gostei muito das suas observações e conclusões, identifico-me com muitas delas. Não se importa que transcreva uma parte do texto no m/ blog? citando-o, claro.
Até 🙂
Acho mesmo que o ser humano está esquecendo de SER
SER HUMANO…SER RESPONSÁVEL…SER ….
ESTÁ ACUMULANDO o TER…OS VALORES MUDARAM…VALE MAIS VC CONHECER PESSOAS VIRTUALMENTE OU CONQUISTAR REALMENTE? NÃO JOGO A PRIMEIRA PEDRA…ADORO O MUNDO VIRTUAL MAS O FAÇO COM RESPONSABILIDADE, SABENDO QUE DO OUTRO LADO TEM UM SER PASSIVEL DE DOR, AMOR, PAIXÃO…
Realmente AI foi um dos filmes mais macabros que já assisti, depre total. Spilberg conseguiu passar algo muito artificial e ao mesmo tempo realista do que se espera do futuro.
Parabenizo o Gil pelo trabalho e pelo blog.
abraços